Ler é algo maravilhoso, mas é difícil começar porque, diante de tantas opções, não sabemos qual escolher. Na maioria das vezes, nos deparamos com gostos diferentes do nosso e isso, de alguma forma, nos inibe de começar a ler.
Nas escolas nos indicam Iracema, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Mulato e alguns outros bons livro, mas que são chatos quando não pegamos o jeito de ler e abstrair o rebuscamento da época.
Por isso, decidimos criar este blog para indicar os livros que lemos, como os classificamos, fazer uma resenha, indicar sites para baixar livros, enfim, incentivar quem deseja iniciar uma boa leitura ou continuar nesse mundo de troca de informação tão brilhante.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VENDE-SE TUDO

Gostaria de agradecer a minha amiga Alcioni que me enviou esse texto. Martha Medeiros sempre surpreende com tanta sabedoria e sensibilidade.

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No mural do colégio da minha filha
encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
_ Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
_Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.

Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma .

No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.

Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida. Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile .
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.

Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
Martha Medeiros

... e se só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir, é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ !

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Memória de Minhas Putas Tristes


Livro: Memória de Minhas Putas Tristes
Título original: Memoria de Mis Putas Tistes
Autor: Gabriel Garcia Márquez (colombiano, 1928).
Tradução: Eric Nepomuceno
Editora: Record
Edição: 2007


Rosinha, a pequena que sempre falo aqui, me emprestou Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel Garcia Márquez. Eu nunca compraria ou leria algo com esse nome, mas li por alguns motivos: credibilidade de quem me emprestou, fama do livro e a frase na capa indicando que foi ganhador do prêmio nobel de literatura. Com tantos requisitos, impossível resistir.

Comecei a lê-lo sábado. Nas primeiras páginas do livro tive nojo do personagem. Achei-o insuportável, nojento, pedófilo, preguiçoso e desrespeitoso com a figura feminina. Desisti de lê-lo.

Domingo, um daqueles dias sem nada pra fazer, olhei novamente pro livro e disse:- vou tentar. Voltei a lê-lo. O sentimento de nojo foi se transformando em pena e despreso, depois vieram algumas qualidades e uma mudança no personagem que o fez melhor. Ao final do dia já tinha lido tudo sem ter certeza se gostei ou não.

O livro não tem muita história. É um conto de fadas da bela adormecida entre um ancião de 90 anos que nunca amou e uma garota de 14 anos de idade, almejante a prostituta. Rosa Cabarcas (dona do prostíbulo), Diamantina (fiel empregada), Ximena Ortiz (a noiva), Delgadina (a bela adormecida) são as principais putas tristes da história. Elas são o espelho do que uma mulher não pode ser.

Se gostei do livro? Só gostei porque é bem escrito. A linguagem é marcante e a tradução muito bem feita. Minha mente ficava viajando no texto durante o sono inicial e isso foi o melhor do livro, ele rendia mesmo quando eu não estava lendo.

Se recomendo? Claro! Por que não?
Quem quiser ver uma boa resenha do livro vá o blog http://danifenti.wordpress.com/2008/02/12/o-amor-de-gabriel/

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Menina que Roubava Livros


Livro: A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak - Jovem (1975), minha idade, um sucesso, uma inspiração.
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Intrínseca
Primeira Edição: Fevereiro de 2007

Após alguns meses de comprado, finalmente li A Menina que Roubava Livros. Confesso que sofri do mesmo mal de O Caçador de Pipas, achar que o livro era importante demais para começar a qualquer hora, mas dia 31/08 dei um basta e comecei a lê-lo, terminando ontem, dia 09/09. Demorei um pouco, eu sei, mas tenho meus motivos.

É um livro detalhista, escrito em tempo psicológico que fala de um tema pesado por natureza: o período do nazismo alemão e da segunda guerra mundial. É bem escrito, diferente. Os assuntos aparecem em partes e são detalhados adiante, quando nem lembramos mais deles. Quando algo interessava eu ficava lembrando, torcendo para chegar à história que eu queria saber.

Existem muitos personagem entrelaçados e importantes que merecem ser memorizados. Liesel, Rudy, Tommy, Hans, Rosa, Max e Ilsa são os que mais lembro agora. O que há de mais bonito no livro é a expressão de amor entre essas pessoas que não têm nenhum vínculo de sangue e são ligados apenas pelo amor, pela dor e pelas palavras.

Ah! a palavra, essa traz profundidade ao livro. Mostra que uma boa palavra pode unir pessoas e uma má palavra pode destruí-las. Liesel com seus livros fez muitas pessoas felizes. Hitler (Führer), com seus discursos, fez pilhas de mortos e famintos, destruiu o mundo à sua volta.

Não chorei. Sinto muito, mas não me emocionei. Gostei do que li, mas não tive surpresas que me fizesse respirar mais fundo. Até teve partes que gostei muito:
-- As cartas entre Liesel e a mulher do prefeito. Foi a parte que percebi: - que bom! Liesel agora sabe que não é uma ladra e não precisa mais carregar este peso consigo.
-- O amor de Hans, Rosa, Rudy e Max por Liesel. Que bom que eles foram felizes e tudo por causa de uma garotinha.

Por fim a narradora, a morte, interliga gentilmente os acontecimentos e mostra que ela também sofre com a guerra e a morte prematura. Ela conta como conseguiu saber tanto sobre liesel, a sacudidora de palavras, e o quanto a admirou.

Se eu o aconselho a ler? Sim, principalmente se quer sair do corriqueiro, quer parar de ler livros de suspense ou livros bonitinhos tipo Paulo Coelho. Leia-o com calma e volte sempre que necessário, não perca a história. Retire das entrelinhas as lições de amor incondicional deixadas por Liesel, Hans e Rudy.

"Quando a morte conta uma história, voce deve parar para ler". Foi essa frase e o título que me fizeram comprar o livro. Eu compro livros pelo título e pela capa, e vc?

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Poder da Esposa que Ora


Livro: O Poder da Esposa que Ora - Livro de Orações
Autor: Stormie Omartian
Tradução: Neyd Siqueira
Editora: Mundo Cristão - SP
Primeira Edição: Nov de 1998

Faz alguns meses que comprei este livro, motivada por tantas chamadas de amigos para orar e na esperança de tornar meu casamento melhor. Comecei a lê-lo e me senti bem. Os temas são corriqueiros e as orações muito bem feitas. Só tive, e tenho, dificuldade em encarar que apenas orar resolve porque, na maioria dos problemas, é apenas isso que a autora sugere.

Durante a leitura tive a impressão de que alguns temas ela realmente viveu ou ouviu pessoas que tinham vivido e solucinado seus problemas. Outros temas foram discutidos sem vivência e por isso só apresenta como solução orar. Também percebi que a autora tem uma posição de submissão, o que não condiz com a minha realidade de hoje nem com a minha natureza aquariana.

Um conselho que achei interessante foi a questão do sexo. A autora aconselhou a não negar o sexo ao marido, mesmo que não esteja com vontade. Disse que essa posição fará com que o marido se sinta melhor e se esforce em outras áreas e essa retribuição nos fará melhor. Além do conselho, ela deixa uma oração para melhorar a relação sexual entre os dois. Sei que é difícil ter disposição o tempo todo, principalmente num dia de TPM, quando o filho está doente ou após chegar cansada do mercado, então sugiro um meio termo que é só recusar o sexo quando realmente não estiver dispostas, não deixe o stress invadir a cama de casal.

Além das orações, o livro traz passagens bíblicas como sugestão de leitura, então quem for lê-lo terá melhor proveito com uma bíblia à mão. Se já é uma cristã terá mais facilidade em absorver esse livro. Embora não seja meu tipo de leitura predileto, recomendo-o a todas as mulheres, independente de crença, que tem ou querem ter um bom relacionamento com seus parceiros, seja namorado ou esposo. Leiam e absorvam os conselhos que melhor couber para o momento e guarde o livro porque problemas diferentes ocorrem em momentos diferentes da vida e orar é sempre bom.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Feliz pra Cachorro


Livro: Feliz pra Cachorro
Autor: Ana Cláudia Bessa
Ano:2001
Editora:CMS Editora
Assuntos: Cão em apartamento, pode?; o porte; as raças; macho ou fêmea; com ou sem pedigree; primeiros cuidados; amar e educar; banhos, todas e afins; arrumar um(a) namorado(a); a hora e a vez do geriatra; curiosidades; Luck e eu.
Site: http://felizpracachorro.wordpress.com/

Minha vida de blogueira me deu oportunidade de conhecer a escritora Ana Cláudia Bessa, química e ótima escritora. Ela é colaboradora dos blogs O Futuro do Presente e Tô Doida.

Ana, após muitas tentativas para criar seu cãozinho, fez para nós um guia, facinho, facinho, para termos cães em apartamento. É um livro de cabeceira para quem quer ter um cão, mas não sabe por onde começar. As raças pequenas e seus comportamentos, ração, vacina e muito mais dicas podem ser lidas de forma direta e simples.

É claro que não posso dizer que o livro é perfeito porque assim pareceria proteção de amigas blogueiras, por isso teve algo que não gostei que é o não incentivo à adoção de animais. O livro fala as desvantagens de se pegar um animal de rua, mas não cita as adoráveis vantagens de tê-lo. Tenho duas cadelas lindas, meigas e felizes vira-latas, uma delas que veio adulta para a minha casa. Minha mãe tem um cachorro lindo, adoravél e pequenino que também foi pego na rua. Por isso, para mim faltou esse detalhe importante no livro, mas quem sabe é um outro assunto para outro livro? Fica a dica para a Ana.

Eu me acho uma experiente mãe de cachorro, mas li em Feliz pra Cachorro informações que não sabia e vou lê-lo sempre que eu desejar tirar dúvidas sobre as minhas fofuchas. Também vou emprestá-lo à minha mãe e irmã para que elas possam cuidar ainda melhor dos cãezinhos dela. Se você pretende dar um cãozinho de presente ou comprar o seu próprio cãozinho, aproveite e leve o livro junto.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A Compaixão dos Animais

Livro: A Compaixão dos Animais
Autor: Kristin von Kreisler
Ano: 2001
Editora: Cultrix

Comecei a ler A Compaixão do Animais essa semana. O livro tem ótimas histórias de companheirismo entre homem e animais, mas até o momento não vi casos de compaixão, o que me levou a desgostar de lê-lo. Achei que a autora forçou a barra para provar algo que não existe.

Compaixão quer dizer dor perante o mal alheio; pena; piedade; comiseração; lástima. A compaixão, esse sentimento de pena, e por que não dizer culpa, é próprio do ser humano. Só nós somos capazes de, por exemplo, comer carne de boi e ter pena de ver o animal sendo morto. Um animal irracional, ou seja, cães, gatos, iguanas, cavalos, bois e muito outros citados no livro, agem por proteção à espécie, por caráter e por companheirismo. Quando um cão dá sua vida para salvar um humano é porque em sua genética há o conceito de matilha e de proteção ao grupo.

O homem tem a noção da semelhança física e social, mas o um animal irracional encara como semelhante aquele com quem convive e compatilha momentos. Não importa se são da mesma raça, mas se fazem parte do mesmo grupo. Esse grupo pode ser uma família ou pessoas da comunidade onde vive. Se criarmos um cão, um gato e um rato juntos, um respeitando o outro, eles se defenderão, mesmo sendo de espécies distintas.

Quando a Compaixão dos Animais é negada, não é por diminuição das espécies, mas por acreditar que existe um sentimento muito maior e mais bonito de companheirismo e respeito. Sentimento este que o ser humano já nem sabe direito como é, pois vive num mundo egoísta, onde para ser um semelhante é preciso ter a mesma cor, classe e status social. Por isso que, quando um animal pratica um ato de proteção, o homem o trata como herói. Faz isso porque vê no animal o que gostaria de ser, mas não consegue porque é covarde demais para tal feito. Então, quando forem ler este livro, não encarem as atitudes como compaixão, mas como atos dignos e merecedores de reflexão por nós, humanos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Amor em Minúscula

Livro: Amor em Minúscula
Autor: Francesc Miralles
Editora: Record
Site oficial: http://www.record.com.br/amoremminuscula/

Samuel, um professor de filosofia solitário e metódico, que vive em Barcelona - Espanha, após comemorar sozinho a passagem do ano, trava uma luta desigual com um filhote de gato (ninguém é páreo para um felino). O gato, aos poucos, conquista Samuel e até recebe um nome: Mishima.

Enquanto se acostuma com o novo companheiro, este o leva a conhecer seu vizinho de cima, Titus que, após uma boa conversa, pede um favor. O favor desencadeia Samuel a encontrar Gabriela, uma pessoa muito importante para ele. A tentativa de vê-la mais uma vez o leva a Valdemar, o escritor lunático. Todos esses personagens acabam se ligando e mudando de forma positiva a vida um do outro.

Após tantos acontecimentos Samuel se dá conta de que pequenos gestos podem desencadear grandes feitos, por isso é preciso buscar boas ações e viver um momento da cada vez, deixando que as pistas do destino nos leve à felicidade.

Durante a narrativa, o autor cita livros e canções que traduzem uma grande cultura dele e dos personagens. Também deixa muitos questionamentos para o leitor:
- Será que estamos realmente vivos? Se o homem foi à lua porque a dificuldade de voltar? Titus, Valdemar, Gabriela e Mishima existem ou são frutos da imaginação de Samuel? A solidão é um destino ou uma opção? São esses e outros questionamentos que fazem do romance de Francesc Miralles parecer ter mais informações e mais história do que realmente conta. Ainda não sei se não percebi o grande livro nas entrelinhas ou se a grandeza está na simplicidade das palavras e das histórias.

Um fato importante: Quem for ler Amor em Minúscula por causa do gato vai se decepcionar. Mishima não é um super gato, não vai fazer peripécias e nem vai ser herói do livro. Ele é apenas um laço entre alguns personagens, uma forma divertida e original de juntar pessoas através de um animal, coisa que é muito freqüente na vida real.


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Constituição da República Federativa do Brasil

Eu e Rosinha iniciamos uma nova leitura, A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
A nossa atual constituição, sofrida e cheia de história, foi promulgada em 1988 pela Assembléia Nacional Constituinte, presidida por Ulisses Guimarães.
Essa constituição foi conseguida com muito esforço e muitas vidas em meio a muita revolução e luta. Nos dá direitos, deveres e garantias nunca antes imaginados e é um exemplo para constituições de outros países.

Vejamos alguns benefícios:
- Direitos políticos importantes como: voto secreto para homens e mulheres, inclusive os analfabetos; plebiscito e referendo; voto aos 16 anos.
- Direitos e garantias individuais e coletivos amplamente assegurados, inclusive sendo a primeira constituição a se preocupar com os direitos coletivos.
- Separação dos 03 poderes.
- Direitos do trabalhador e muitos outros.

Tem como fundamentos: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Tem como Objetivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Como vê, caro leitor, temos a faca e o queijo na mão. Quem fez este livro não estava de brincadeira. Quis garantir que o Brasil cresceria e que ninguém maltrataria seu povo. Diante de tanto poder, temos que aprender e disseminar nossos direitos. Exigi-los em todos o momentos, mesmo que pareça impossível.

Para adquirir a constituição é só ir no site http://www.livrariasenado.com/produtos.asp?produto=164. Com R$5,00 (valor do frete), a livraria do senado manda, para sua casa, a constituição brasileira.

Posts relacionados:
http://paraolhar.blogspot.com/2008/04/uma-verdade-absoluta.html
http://meninorude.blogspot.com/2008/04/31-de-maro-de-1964-o-golpe-militar-que.html

segunda-feira, 10 de março de 2008

Saber Envelhecer: Seguido de a Amizade

Sábado, num daqueles momentos nada pra fazer, resolvi revirar livros a procura de algo que ainda não tivesse lido(pois é, compro e deixo lá para ser lido posteriormente). Dentre alguns livros encontrei esse aí ao lado, Saber Envelhecer, que comprei em um mercado a R$10,00, e resolvi lê-lo.
Título: Saber Envelhecer, seguido de A Amizade.
Autoria: MARCO TULIO CÍCERO
Tradução: Paulo Neves
Ano: 44 a. c. (isso mesmo, antes de Cristo)
Detalhes do autor: http://www.lpm.com.br/lpm-po63.htm

A grata Surpresa

Já li o primeiro texto, que, embora pequeno, me deu bastante trabalho e prazer.
Trabalho porque a linguagem é relativamente rebuscada no início e muitos nomes da história antiga são citados, indicando seus feitos.
Prazer por diversos motivos: A L&PM Pocket teve o cuidado de comentar as partes históricas importantes; a linguagem é bonita de ler; o conteúdo é extremamente sábio.

Cícero, político influente, jurista, orador e filósofo descreve um momento onde Catão, o velho, é solicitado a falar ao seus amigos mais jovens, Cipião e Gaio Lélio, sobre a arte de envelhecer. No texto, Cícero fala muito sobre a velhice e como podemos vivê-la da melhor maneira possível, buscando, aplicando e passando conhecimentos e cuidando da saúde. Também deixa claro o papel do velho nas decisões do senado.

Durante o texto, Cícero cita 04 razões que levam as pessoas a acharem a vida detestável e desmistifica cada uma delas.
1)Ela nos afasta da vida ativa.
Uma mente bem trabalhada pode ser útil a vida toda. Por isso, buscar conhecimento é sempre importante. Os velhos precisam estar presentes para conter a fúria dos jovens cheios de idéias, tornando as decisões mais sensatas.
2)Ela enfraqueceria o nosso corpo.
O enfraquecimento do corpo ocorre com a velhice, mas também ocorre em diversas fases da vida. Velhice não caracteriza doença, portanto é possível envelhecer com saúde se cuidarmos do nosso corpo e mente.
3)Ela nos priva dos melhores prazeres.
O prazer sexual é típico dos jovens e, felizmente a velhice perde esse interesse sem saudades. Desta forma, resta o conhecimento adquirido, o cuidado com a terra, as boas conversas e os conselhos. O prazer sexual cega o homem e o leva a traições e guerras.
O prazer de comer muito não é permitido aos velhos, mas é permitido comer pouco e devagar, saboreando um bom vinho ou um bom prato enquanto as conversas são colocadas à mesa. Um prazer maior que a própria alimentação.
A voz de um velho já não é tão forte, mas se torna mais bonita. Um velho sábio falando pausadamente e firmemente é a explanação da sabedoria.
4)Ela nos aproxima da morte.
Se um jovem pode morrer a qualquer tempo, então a morte não é um problema da velhice. Não se tem medo da morte se a vida for vivida em plenitude, de forma a deixar boas marcas para o mundo. O corpo morre, mas a alma é imortal. Por isso o homem se preocupa com seus feitos no mundo, para que sua alma permaneça viva na memória das pessoas. De qualquer forma, tendo ou não a alma viva após a morte, deixar de existir não é algo ruim se deixamos boas marcas durante a vida.

Em geral, Cícero deixa claro que saber envelhecer é algo muito próximo de saber viver. Melhor é morrer de velhice, pois quem nos deu a vida irá tirá-la aos poucos da mesma forma que veio. Conhecimento adquirido, grandes feitos para a humanidade e uma boa saúde são formas de ter uma velhice digna e feliz. A velhice é um fato que não podemos evitar, então devemos aceitá-la, ou seja, nem negar e nem desejar que venha antes da hora.

Importante: Percebe-se claramente que os velhos eram tidos como sábios e suas palavras eram muito importante na tomada de decisões. Talvez devamos reaprender a respeitar e ouvir os mais velhos.

Veja o que fala sobre o texto um estudo sobre a velhice:
http://www.miniweb.com.br/Cantinho/3_idade/artigos/envelhecimento_filosofia1.html

"

No primeiro século antes da Era Cristã, Marco Túlio Cícero (103-43 a.C.), o grande filósofo romano, político, jurista e orador demonstrou-se uma figura exponencial nos estudos sobre a velhice. Aos 63 anos de idade, senador da república, escreveu o livro De senectude - Catão, o velho. Nele resume sua visão de envelhecimento, enquanto um processo fisiológico, relata os problemas dos idosos quanto à perda da memória, perda da capacidade funcional, as alterações dos órgãos dos sentidos, a perda da capacidade de trabalho. Salienta que, com o envelhecimento, os prazeres corporais vão sendo substituídos pelos intelectuais, enfatizando a necessidade de prestigiar-se os idosos e de fazer-lhes um preparo psicológico para a morte. Pude entender que Cícero retorna, em seus escritos, algumas passagens descritas na República, de Platão.

Cícero foi um otimista diante do fator fisiológico da velhice e aconselhava o cuidado corporal e mental, a escolha de prazeres adequados, de atividades que tragam benefícios individual e coletivo, desde que estejam ao alcance das forças dos idosos. Para esse filósofo, a arte de envelhecer compreende em encontrar o prazer que todas as idades proporcionam, pois todas têm as suas virtudes. Chamo à atenção que, essa aprendizagem da arte de saber envelhecer não deve ser ligada ao individual, pois a superação dos obstáculos a uma velhice feliz vai buscar no social suas razões de ser.

Em De Senectude, Cícero (1999) descreve a conversa entre o velho Catão e os jovens Cipião e Gaio Lélio, estes rapazes interpelam Catão sobre os agravos e as vantagens da velhice. Catão, senador e ser humano muito respeitado por seus pares, com mais de 80 anos, fala do envelhecimento de uma forma clara, concreta, procurando criticar os preconceitos que pairam sobre os idosos e lembrando que sempre quando os Estados viram-se arruinados pelos os jovens, foram os idosos que os restauraram. Na verdade, fica claro que o maior interesse de Cícero, ao escrever De Senectude é defender a velhice para provar que a autoridade de Senado, há muito abalada, deve ser reforçada.

Para Cícero (1999) não se deve atribuir à velhice todas as lamentações da vida; quem muito se lamenta, para ele, faz isto em todas as idades do processo de viver, pois os seres humanos inteligentes sempre tentam afastar o temperamento triste e a rabugice em qualquer idade. Acrescenta ainda que são quatro as razões detestáveis da velhice: o fato desta fase afastar o ser humano da vida ativa; a constatação de que ela enfraquece o corpo; a condição de privar-nos dos melhores prazeres e a aproximação com a morte. Em seguida ele passa a contestar cada uma dessas razões, trazendo como exemplos figuras e situações conhecidas da época. Também é de Cícero a célebre frase comentando a existência de seres humanos que, como alguns vinhos, envelhecem sem azedar-se.
Eu completo que, sendo o envelhecimento um conjunto de alterações biológicas, psicológicas e sociais, estas se configuram em novas situações vivenciadas pelo ser humano e que a presença “desse novo”, muitas vezes pode representar o inusitado e a expansão de capacidades inovadoras e prazerosas para o idoso.
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sexta-feira, 7 de março de 2008

Martha Medeiros

Essa semana, ao abrir o email de uma leitora do meu blog Menino Rude, tive o prazer de descobrir uma nova escritora, linda, competente e poética. Uma gaúcha cheia de idéias, Martha Medeiros. Por isso, deixo aqui no Dia da Mulher, um texto da autora que diz muito sobre a vida e a felicidade.
Os textos e a imagem foram retirados do site Releituras. Fiz um cópia, sem dó nem piedade. http://www.releituras.com/mamedeiros_serfeliz.asp

"35 anos para ser feliz
Martha Medeiros


Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

Outubro de 1998

Martha Medeiros (1961) é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, tenho trabalhado como redatora e diretora de criação em vária agências daquela cidade. Em 1993, a literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros, deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito meses apenas escrevendo poesia.

De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde até hoje mantém coluna no caderno ZH Donna, que circula aos domingos, e outra — às quartas-feiras — no Segundo Caderno. Escreve, também, uma coluna semanal para o sítio Almas Gêmeas e colabora com a revista Época.

Seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9a. edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. A autora é casada e tem duas filhas.


Texto extraído do livro "Trem-bala", L&PM Editores - Porto Alegre, 2002, pág.147. "

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Encantador de Cães

A minha paixão por animais faz com que as pessoas sempre me presenteiem com livro sobre eles. Ganhei de aniversário o livro O Encantador de Cães, de César Miller. O autor é um mexicano que vive nos EUA, Hollywood, e recupera cães com algum tipo de distúrbio causado por má conduta dos donos.
"Eu reabilito cães e treino pessoas". Assim define-se César Miller. Ele veio clandestinamente do México e lutou muito até se tornar o maior "treinador" de cães de Hollywood e ter seu próprio programa.

O início do livro é muito bom porque conta um pouco da história de vida do autor e o que ele viveu até se tornar "o encantador de Cães". Após essa fase, o livro se torna um pouco repetitivo, o que me fez levar muito tempo para lê-lo. Confesso que só não desisti na metade porque é um assunto que me interessa e porque concordava, na maioria das vezes, com o que o autor falava. Apesar de um pouco cansativo, é interessante e merece ser lido.

É uma leitura quase obrigatória para quem deseja criar cães, principalmente de grande porte. O livro resume conceitos que eu já acreditava e acrescenta alguns detalhes importantes:
1. Um cão não é um brinquedo ou uma criança. Ele tem instintos que precisam ser incentivados. O cão humanizado tende a ter problemas de conflito interno e se tornar instável.
2. Antes de seu cão ser "Bob", "pitbull" ele é um cão e tem instintos próprios da espécie. Isso que dizer que um pitbull, assim como qualquer outra raça, só agirá com agressividade se for incentivado a ser agressivo porque, se for criado com exercício,disciplina e carinho, seu instinto de cão (cachorro) se sobressairá e ele será um bonito exemplar desta espécie.
3. Um cão gosta e precisa de carinho, mas isso não é o mais importante para ele. Um cão precisa de atividade compartilhada. Ele precisa caminhar com o dono e sentir que é parte de uma matilha onde o dono é o líder. Isso o tornará tranquilo e obediente.
4. Após a atividade física exaustiva e acompanhada, o cão está apto para receber as ordens do líder. Nesse momento o dono poderá e deverá mostrar quem domina a matilha. Só depois de mostrar-se líder é que poderá dar carinho e comida (prêmios) para o animal.
5. Um cão que percebe seu dono como líder mostra alguns sinais:
- Ao chamar o cão, ele virá com a calda balançando, as orelhas para trás e o corpo levemente curvado. A feição do animal deve ser de submissão calma, nada de medo.
- O cão se deita com a barriga para cima em sinal de respeito ao seu dono. Ele não se deita para você coçar a barriga, é um sinal de respeito.
- Na caminhada, o cão liderado andará ao lado ou atrás do líder, só relaxando para fuçar ou marcar território quando o líder liberar.
6. Um líder deve passar energia calma e assertiva, ou seja, manter a disciplina sem causar medo ou agressividade ao animal.
7. Todos os membros da família devem aprender a ser líder dos cães de uma casa.
8. Se um cão, quando o dono chega em casa, pula sobre ele insistentemente, não é festa ou saudade, é para mostrar quem domina a matilha. Neste caso, é preciso segurar o coração e não retribuir os "carinhos" do animal.

Essas e outras dicas são ditas de forma clara, precisa e insistente no livro. O autor faz questão de deixar claro a importância de manter essa liderança assertiva para que o cão tenha uma vida equilibrada e feliz. Também deixa claro que o culpado pelo mal comportamento de um cão é o dono e as atitudes que ele mostra nesta relação e, finalmente o ponto mais importante: A MAIORIA DOS CÃES, AINDA QUE ESTEJAM ALTAMENTE DESEQUILIBRADOS (NA ZONA DE ALERTA), PODEM E DEVEM SER REABILITADOS. Espero que este livro possa ser apreciado e seguido por muitos donos e criadores de cães porque ele traz benefícios aos cães e aos seus donos.

O menino que vende livros

O australiano, autor do best-seller A Menina Que Roubava Livros, responde aos leitores de ÉPOCA

Assim começa a entrevista com com Markus Zusak, autor do livro "A Menina que Roubava Livros". Ainda não este livro, mas o título chamou minha atenção de maneira positiva. Ele está na minha lista. Leiam a entrevista e este livro parecerá ainda melhor.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Pequeno Príncipe


Ontem, passando o tempo no shopping Salvador, decidi buscar um livro que pudesse ler em pouco tempo, lá mesmo na livraria. Exposto na vitrine estava O Pequeno Príncipe; um livro singelo, de fácil leitura e boas imagens. Peguei-o pra reler e relembrar porque o consideram tão importante.

O Pequeno Príncipe é um menino que vive num pequeno planeta, desses que nós, adultos, damos número porque são pequenos demais para receber significância maior. Ele tem 03 vulcões que revira sempre e o ajuda a aquecer água ou cozinhar o alimento; pode ver o pôr-do-sol quantas vezes quiser, é só deslocar sua cadeira um pouco para trás; é amigo de uma rosa, bela e única.

Os personagem se conhecem quando o pequeno príncipe pede que o aviador desenhe um carneiro. Após várias tentativas, o aviador consegue fazer o desenho desejado pelo menino. A partir desse desenho, o menino conta sobre sua vida, seu planeta e todos os outros planetas que visitou. Cada planeta morava algum adulto de característica distinta e todos eles estavam presos ao seu princípio, a maioria deles voltado para si próprio: O rei sem súdito; o vaidoso sem plateia; o bêbado que não parava de beber por vergonha de ser um bêbado; o empresário que colecionava estrelas para si, mas não podia tocá-las; o acendedor de lampião que não conseguia raciocinar, apenas executar ordem; o geógrafo que escrevia sobre o mundo, mas não conhecia nada porque não saía da sua cadeira e, finalmente, a Terra.

O pequeno príncipe descobre o significado do amor na Terra, ao encontrar a raposa que o ensina o que é ser especial e único para alguém. Ele sente saudade da sua rosa e descobre porque a ama, apesar das suas imperfeições e volta para seu planeta de origem, deixando um laço de afeto e saudade em todos os lugares que passou.

Além do questionamento sobre o comportamento humano, o Pequeno Príncipe mostra o quanto o valor ao que é material nos deixa pequenos e pobres. Ele tinha em seu planeta 03 vulcões, uma linda rosa e vários pores-do-sol, mas se achou pobre ao ver que sua rosa não era a única no mundo e que seus vulcões eram pequenos em relação aos da Terra. Só ao descobrir a importância da unicidade do ser é que voltou a perceber-se rico.

Outra lição é deixada ao falar da sua rosa, dizendo que deveria tê-la julgado pelos gestos e não pelas palavras porque os gestos dela enchiam o planeta de perfume e a sua vida de alegria. As palavra o incomodavam e feriam, levando-o a ir embora do planeta.

Como vê, não é apenas um livro para crianças. Acho que uma criança pode lê-lo e relê-lo em cada fase da vida. Talvez se essa crítica fosse feita por uma criança nada disso estivesse aqui. Provavelmente ela nem associaria a algo filosófico, apenas amaria o Pequeno Príncipe e teria esperança de um dia ir ao deserto e, quem sabe conhecê-lo ou ver seu planeta lá no alto. Essa é a diferença entre um adulto e uma crianças: Os adultos vivem tão preocupados em criar regras e limites para tudo que esquece de contemplar o pôr-do-sol.

O Pequeno Príncipe, 1943, Antoine de Saint-Exupéry, jornalista e piloto francês.
Maiores detalhes e livro virtual com ilustração no site http://www.mayrink.g12.br/pp/principe.htm

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Uma boa crítica ao livro e filme "O Caçador de Pipas"

Essa semana recebi uma reportagem sobre o filme "O Caçador de Pipas". Por que uma crítica de filme em um site sobre leitura? Porque esse filme é baseado num interessantíssimo livro já comentado aqui. Uma história para refletir sobre nossas condutas diantes da vida.

Segue a crítica feita por Pablo Villaça:

Caçador de Pipas

Dirigido por Marc Forster. Com: Khalid Abdalla, Homayoun Ershadi, Shaun Toub, Zekeria Ebrahimi, Ahmad Khan Mahmidzada, Atossa Leoni, Elham Ehsas, Abdul Qadir Farookh, Abdul Salam Yusoufzai.

Depois de cometer um ato cruel na infância movido por sua imaturidade, um(a) futuro(a) escritor(a), atormentado(a) pelo remorso, busca reparar seus erros embora saiba que os danos causados jamais poderão ser revertidos.

Curiosamente, esta pequena descrição poderia se aplicar a dois grandes filmes lançados recentemente e que se baseiam em obras de grande sucesso: Desejo e Reparação, sobre o qual escrevi recentemente, e, é claro, este O Caçador de Pipas, adaptado por David Benioff (A Última Noite) a partir do livro de Khaled Hosseini e que conta a história de Amir (Abdalla), um afegão refugiado nos Estados Unidos que, às vésperas de lançar seu romance de estréia, recebe uma ligação de um amigo da família que agora se encontra no Paquistão. O telefonema leva a um longo flashback que nos remete à infância de Amir e à sua amizade com Hassan (Mahmidzada), filho do empregado da casa. Pertencente à etnia Hazara, Hassan é visto com preconceito pelas crianças locais, que também antagonizam Amir por não aprovarem as atitudes de seu pai, Baba (Ershadi), que insiste em proteger seus empregados – algo que leva a um incidente particularmente violento que culmina no rompimento da amizade entre as duas crianças. Para piorar, com a invasão do exército russo, Baba, notório anti-comunista, é obrigado a deixar o país ao lado do filho, que, anos depois, descobre que o destino de seu velho amigo Hassan não foi dos mais felizes.

Embora aborde a instabilidade política no Afeganistão ao longo das décadas nas quais a trama se passa, O Caçador de Pipas observa a guerra com os russos e a conseqüente dominação do cruel regime taliban como algo periférico, que se torna pertinente apenas no que diz respeito às suas conseqüências nas vidas dos personagens. Com isso, é a dinâmica entre estes que compõe a alma da narrativa – especialmente a amizade entre os jovens Amir (Ebrahimi) e Hassan. Aliás, o relacionamento dos garotos é especialmente complexo, já que Hassan não é apenas um amigo, mas também um empregado de Amir – e sua fidelidade ao outro é marcada pela submissão. Em determinado momento, por exemplo, ele afirma que “comeria terra” se Amir assim ordenasse e, quando este pergunta se isto é verdade, Hassan confirma, mas indaga, angustiado: “Você me pediria isso?”, levando seu amigo-patrão a negar, indignado. Esta breve troca de diálogos, diga-se de passagem, resume perfeitamente a complexa natureza daquela relação e planta, no espectador, a certeza de que algo que exige tanto equilíbrio não poderá durar por muito tempo quando os envolvidos são crianças e, portanto, imaturas demais para compreender sentimentos tão conflitantes.

Da mesma maneira, o filme encontra, no campeonato de pipas que ocorre em determinado instante, uma metáfora maravilhosa (e tocante) para a forma com que os dois garotos enxergam o mundo: enquanto Amir é um mestre no controle da pipa, cortando a linha de seus oponentes com destreza, Hassan é o “caçador” do título, mostrando-se extremamente hábil na tarefa de encontrar as pipas derrubadas pelo amigo. Em outras palavras: enquanto Amir se delicia com a liberdade do brinquedo e a segurança de poder “voar” quando necessário (como realmente fará no futuro), Hassan é obrigado a manter os pés no chão e a lidar sem concessões com a realidade. Aliás, não é à toa que ele demonstra uma visão tão pragmática quando ouve uma história criada por Amir sobre um homem cujas lágrimas podem ser transformadas em pérolas e que, para provocar o próprio choro, mata a esposa. “Por que ele não descascou uma cebola?”, questiona o pequeno menino Hazara, sem hesitar, deixando o sonhador Amir sem palavras.

São momentos como estes que ilustram a sensibilidade de Hosseini (e de Benioff) ao compor seus personagens – algo também confirmado pela natureza absurdamente complexa da raiva que Amir gradualmente passa a sentir de Hassan depois de testemunhar a violência sofrida por este nas mãos dos garotos locais. O que Amir não percebe é que sua antipatia é fruto da própria inação, já que a presença do amigo o faz lembrar da própria fraqueza ao não defendê-lo – e, ao tentar afastar o outro, ele procura esconder o espelho que reflete sua covardia. É fundamental dizer, a propósito, que as performances dos garotos Zekeria Ebrahimi e Ahmad Khan Mahmidzada são profundamente sensíveis e tocantes, o que se torna especialmente surpreendente se considerarmos que os dois jamais haviam atuado antes (e Mahmidzada, em especial, comove com sua submissão e com a alegria infantil que exibe ao ser presenteado com uma pipa, quando um largo sorriso enfeita seu rosto tão precocemente sério).

Enquanto isso, Homayoun Ershadi (O Gosto de Cereja) transforma Baba numa figura igualmente complexa: por um lado, seu carinho por Amir é óbvio; por outro, sua frieza ao exigir mais rigidez do garoto assusta por suas implicações. Ao mesmo tempo, é fácil compreender por que ele julga tão importante incentivar o filho a assumir uma postura mais ativa, já que ele próprio é um homem idealista que não hesita em arriscar a vida para defender um desconhecido. Baba é um pai imperfeito, é verdade (mas quem não é?), mas é também um homem que sabe reconhecer a importância de permitir que Amir siga seu próprio caminho, mesmo que não o aprove – e Ershadi retrata todas estas nuances de maneira sempre tocante, lembrando a igualmente magnífica performance de Irfan Khan no sublime Nome de Família. A diferença é que, aqui, uma revelação feita no final do segundo ato acaba jogando uma sombra particularmente pesada sobre a memória de Baba (o que não deixa de torná-lo ainda mais ambíguo).

Continuando a exibir uma versatilidade admirável na maneira com que conduz seus projetos (A Última Ceia, Em Busca da Terra do Nunca, A Passagem e Mais Estranho que a Ficção), o cineasta Marc Forster já acerta ao escolher paisagens particularmente desoladas da China como locações substitutas para o Afeganistão, já que a aridez vista na tela reflete perfeitamente o tumulto emocional de seus personagens – e a pequena árvore no meio das pedras é um símbolo perfeito do microcosmos de segurança promovido por Baba (e que também se desfará eventualmente). Além disso, Forster cria elipses inspiradas em diversos momentos, destacando-se aquela que transforma um caminhão na fronteira com o Paquistão em um trem elevado na Califórnia e, é claro, aquela que contrapõe uma festa de casamento ao instante em que os noivos a revêem num álbum de fotos. E mais: o diretor se mostra capaz de evocar a alegria do campeonato de pipas (quando, numa pan de tirar o fôlego, revela dezenas de crianças nos telhados de Cabul) e a brutalidade do regime taliban com a mesma eficiência, transformando O Caçador de Pipas numa admirável montanha-russa emocional.

Mas, embora acompanhemos os horrores aos quais aquele sofrido país se viu submetido ao longo dos anos (e a situação impossível do diretor do orfanato é um exemplo doloroso), o filme narra, no final das contas, a trajetória de uma testemunha daquela História: um homem que, por fim, aprende que defender o que julga certo não exige tanta coragem como supunha, mas apenas a força de seus princípios.

19 de Janeiro de 2008

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Eu, Cristiane F., 13 anos, drogada e prostituída...

Essa semana, ao responder um meme no outro blog, Menino Rude, relembrei o livro "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída". O título deixa claro o tema principal que é o sofrimento de uma adolescente diante do vício da droga e de tudo o que ele pode causar a uma pessoa.

A história é verídica; o cenário é Berlin Oriental, às margens do muro de Berlin; a época é o pós-guerra, escrito em 1978 quando Christiane tinha 15 anos; a intenção foi mostrar ao mundo o caminho sem volta que um usuário de droga tende a seguir, muitas vezes curto e outras vezes tortuoso.

Li este livro aos 13 anos e não sei se as impressões que deixarei aqui são as verdadeiras. Falo com a memória de uma menina que hoje tem 32 anos.

Christiane vivia na Alemanha e, já na infância, gostava de ficar ao lado do muro brincando com seus amigos, pois era proibido, logo mais gostoso. Na adolescência é levada a uma discoteca administrada por um padre, lugar onde experimenta a maconha. O padre alegava que o uso de drogas era muito grande na Alemanha e que era melhor os jovens estarem ali, protegidos do que nas ruas. Uma mãe não desconfiaria de um padre e Christiane entrou no mundo das drogas.

Em pouco tempo a maconha já não fazia mais efeito em Christiane nem nos seus seus amigos e namorado. Eles queriam algo mais potente, a heroína. Começaram a inalar a droga e, para isso, tiveram que se prostituir. Inicialmente escolhiam os parceiros de acordo com a opção sexual, mas logo tiveram que aceitar todo tipo de acordo. Com a prostituição vieram as doenças sexualmente transmissíveis.

Conversando com amigos traficantes, foi aconselhada a não injetar droga na veia, mas Christiane não se contentou em apenas cheirar pois o efeito era pouco e a quantidade usada para "dar onda" era cada vez maior. Logo preparou sua primeira Picada, a heroína era colocada numa colher, adicionado limão e levado à chama de uma vela para derreter. A mistura era injetada na veia.

As veias dos braços dela e no namorado já não suportavam tantas picadas, chegando ao ponto de ter que injetar a droga na veia do pescoço. Christiane não conseguia comer direito, tudo lhe enjoava. Feridas, provenientes das doenças, tomavam seu corpo. As seringas eram compartilhadas sem nenhum critério e as DST se espalhavam entre os jovens. Nesse período uma de suas amigas morre de overdose (acho que o namorado também).

Na tentativa de ajudar a filha, a mãe de Christiane a leva para morar no interior com a tia, uma cidade calma, rural. Christiane se abstem um tempo, mas logo encontra um grupo de adolescentes e volta a fumar a maconha. Uma clareira, onde os adolescentes se reuniam para fumar. Lembro do livro até aí, acho que este é o final.

Confesso que chorei muito. Me vi em cada cena. Quis tirá-la daquele lugar. Me emocionei e tive a certeza que NUNCA usaria drogas e nunca deixaria nenhum amigo meu usar. Felizmente, no meio que vivi não tive a facilidade das drogas e nunca passei por essa provação. Hoje vejo jovens se entregando às drogas e nunca esqueço desse livro. Gostaria de vê-lo lido e debatido nas escolas para que os jovens tomassem horror aos vícios.

Todo vício começa com pouco: um vinho com coca-cola, um baseado, uma cervejinha, um cigarro. Se a mente está vazia, a droga entra e toma espaço. Se a droga se instala, mais um jovem se vai do mundo.

Considerações:

Melhores informações sobre o livro estão nos links abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Christiane_F.
http://pt.shvoong.com/books/biography/1673460-christiane-f-13-anos-drogada/

A imagem é a capa do livro que li e que minha professora dizia que parecia comigo

Peço desculpas se a linguagem ou o conteúdo não estiverem como gostariam, como disse, são apenas as minhas lembranças.

"Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada, Prostituída...
KAI HERMANN HORST RIECK

A obra em questão originou-se do próprio interesse de Christiane F, em romper o silêncio e relatar seu depoimento aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck sobre a questão dos tóxicos entre os adolescentes. O livro tem início com o texto do processo (Berlim, 1978) em que Christiane, colegial, menor de idade, é acusada de consumir, de maneira contínua, substâncias e misturas químicas proibidas por lei. Foi acusada também de ter-se entregado à prostituição, com o propósito de juntar dinheiro suficiente para comprar drogas. Após tudo isso, sua família se desestruturou; o pai ficou desempregado, a mãe pediu o divórcio, e o inferno instalou-se no seio da família. Christiane era surrada sempre e o lar, por ter-se transformado num ambiente hostil, fez com que ela procurasse as ruas. O livro intercala o depoimento de Christiane com o de sua mãe, de policiais que tiveram contato com a menina, e de psicólogos.

http://www.planetanews.com/produto/L/1002/eu--christiane-f---13-anos--drogada--prostituida----kai-hermann---horst-rieck.html
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