Título: As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago (1922, Portugal)
Ano: 2005
Editora: Companhia das Letras
Escondido entre livros que nunca li estava o romance de José Saramago, As Intermitências da Morte. Considerando que, depois que estou morando só, tempo é algo que tenho de sobra, resolvi lê-lo.
A princípio o livro é difícil de ler, digo até que Machado de Assis ficou simples diante dos devaneios de Saramago. Os diálogos não são organizados por travessão, a linguagem é rebuscada e crítica.
Com o passar dos capítulos, já lia os diálogos sem travessão com tranquilidade. Também me acostumei com as palavras e nem percebia tanto o rebuscamento. Até me simpatizei com aquele jeito de escrever, Para mim é algo que senti também quando me acostumei com Machado de Assis. O difícil se torna atraente, assim como na vida.
Outra dificuldade era ter que voltar uma ou duas páginas porque, na tentativa de ler um pouco mais, me perdia num sono e não lembrava a leitura no dia seguinte, fato pouco comum em outros livros.
A história não é original, eu já pensava muitas vezes como seria o mundo sem morte, sabendo o quanto a morte é importante para a vida. Original mesmo são as inúmeras situações descritas na fase um, não exatamente pela ausência da morte e sim pelo desespero humano diante desta perda. Importante ressaltar a humanização da morte, fato que torna o livro empolgante e ocorre com intensidade na fase dois do livro. O final, fase três? O resurgimento da morte. Surpreendente.
O que posso concluir é que se quiser algo diferente, algo para trabalhar os neurônios, leia este livro. Não se assuste com as primeiras folhas; acostume-se, vá adiante. Assim que chegar de 1/3 a 1/2 do livro, tudo ficará mais interessante e se chegar ao final, dê um sorriso de satisfação e compartilhe a felicidade com a morte.