Ler é algo maravilhoso, mas é difícil começar porque, diante de tantas opções, não sabemos qual escolher. Na maioria das vezes, nos deparamos com gostos diferentes do nosso e isso, de alguma forma, nos inibe de começar a ler.
Nas escolas nos indicam Iracema, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Mulato e alguns outros bons livro, mas que são chatos quando não pegamos o jeito de ler e abstrair o rebuscamento da época.
Por isso, decidimos criar este blog para indicar os livros que lemos, como os classificamos, fazer uma resenha, indicar sites para baixar livros, enfim, incentivar quem deseja iniciar uma boa leitura ou continuar nesse mundo de troca de informação tão brilhante.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Carta entre Amigos


Título: Carta entre Amigos.
Autor: Fábio de Melo e Gabriel Chalita
Editora: Ediouro
Ano: 2009

Muito difícil conceituar o livro Cartas entre Amigos. Parece ser de auto-ajuda, mas não é. Talvez de filosofia, mas também não é. Também não é um sermão religioso como muitos esperam. Nem pode-se dizer que é um livro, mas um conjunto de cartas trocadas entre dois amigos que decidem parar um pouco as atribulações da vida para dar atenção um ao outro. Na capa diz que é um livro para falar dos medos contemporâneos, eu não o definiria assim. A linguagem não é muito simples, é preciso atenção para lê-lo e, para os mais curiosos, ter um site de pesquisa ao lado é bom.

O encantamento do livro é justamente a não intenção de dar lição de moral. Os autores simplesmente falam o que sentem e usam a filosofia e a poesia para descrever seus pensamentos. Falam muito do amor. Aquele que surge de pedras, que supera perdas, que se doa ao próximo, o amor de Cristo. Fala do amor fast-food que vivemos hoje no mundo industrial e lembram que o amor é feito em fogo a lenha, onde temos que constantemente buscar o combustível desse amor.

Vários sentimentos são citados em carta, sempre interligando um ao outro, sempre trazendo o amor como parte da solução. É difícil descrever todos os temas abordados, eles se misturam, vão e voltam e se completam. Muitas vezes o que Gabriel escrevia parecia ter vindo de mim, é ele quem quase sempre traz a dúvida e Fábio a serenidade. Gabriel é a chama, Fábio a razão que controla a emoção. Os dois se completam em cartas emocionadas e cheias de poesia.

Algumas passagens foram marcantes para mim:
- A história de Cora Coralina que, apesar da vida cheia de problemas, transformou tudo em amor e poesia.
- A citação de Gabreil sobre a paixão onde, por insistirmos em uma flor, deixamos de ver e cuidar de outras flores em nosso jardim.
- A busca pela liberdade, o mal que fazemos em prender o amor por medo de perdê-lo.
- O vazio do mundo que levam os jovens à drogas e qual o papel dos pais nesse contexto.
- A limpeza dos nosso museu interior para que a próxima pessoa a entrar nele encontre o passado limpo e organizado, seja ele bom ou ruim.
- A passagem do mar vermelho, mostrando que a fé para existir precisa que o homem acredite e dê o primeiro passo.
- A força que se mostra na fragilidade de Madre Tereza.

São tantos assuntos, muitos sem resposta. Na verdade, não é a intenção dar respostas e isso é bom. Confesso que chorei na última carta quando o Pe. Fábio fala da força que vem da fragilidade. Chorei porque percebi que é nos meus momentos mais frágeis que ganho força para mudar minha vida. É na fragilidade do próximo que ganho forças para ajudá-lo. Percebi que não sou fraca, apenas frágil e que isso não é defeito, é um jeito de ser. Pensei na minha fé e vi que preciso entrar no mar para que Deus possa abri-lo. Chorei, pedi perdão e desejei lavar os pés de Cristo com minhas lágrimas.

O livro sozinho não traria tantos sentimentos, ele o fez porque resolvi lê-lo num momento difícil e importante de minha vida. Talvez, dentre tantos assuntos, algum tenha importância na sua vida nesse momento. Cada carta traz à tona um fantasma a ser vencido. Cada palavra uma reflexão sobre a vida. Terminei o livro desejando um amigo para escrever-lhe cartas sobre a vida. Terminei o livro certa de que posso ser mais do que sou, mas que já sou mais do que imagino. Tive a certeza que posso lê-lo novamente, em outros momentos, e encontrar outros confortos.