Ler é algo maravilhoso, mas é difícil começar porque, diante de tantas opções, não sabemos qual escolher. Na maioria das vezes, nos deparamos com gostos diferentes do nosso e isso, de alguma forma, nos inibe de começar a ler.
Nas escolas nos indicam Iracema, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Mulato e alguns outros bons livro, mas que são chatos quando não pegamos o jeito de ler e abstrair o rebuscamento da época.
Por isso, decidimos criar este blog para indicar os livros que lemos, como os classificamos, fazer uma resenha, indicar sites para baixar livros, enfim, incentivar quem deseja iniciar uma boa leitura ou continuar nesse mundo de troca de informação tão brilhante.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Extrator de sentimentos

Hoje é o aniversário de Fernando Pessoa, grande nome da literatura portuguesa que de tão popular e belo até parece ser conterrâneo nosso.
Eu gosto muito de um famoso poema dele, Atopsicografia, porque traduz exatamente o que se passa na alma ao escrever e ler um poema. É difícil para quem faz poesia, distinguir até onde o sentimento é real ou imaginário. Podemos simplesmente viver a dor ou a alegria do outro ou transformar um simples momento em um poema para a vida toda. Nem sempre o que escrevemos foi experiência de vida, podendo ser apenas um posicionamento no lugar do outro, um desejo de sentir o que não se viveu. Quem lê o que escrevemos visualiza a própria dor ou alegria, imaginando que o poeta viveu o mesmo que ele.
Poema é isso, um extrator de sentimento, não aquele utilizado para escrever, mas o que sai de quem lê e toma o poema para si. João Pessoa é um grande extrator de sentimentos, um poeta como poucos.


AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


(Fernando Pessoa)




Enquanto...

Enquanto não superarmos

a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.

Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.

(Fernando Pessoa)



Imagem: Estátua de Fernando Pessoa da autoria de Lagoa Henriques, no café A Brasileira, no Chiado, Lisboa

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O dia do coringa

Título: O Dia do Curinga
Editora: Companhia das Letras
Autor: JOSTEIN GAARDER
Ano: 1996

Quantas vezes ouvimos a expressão "A vida é um jogo"? O autor levou a sério esta afirmação e associou a vida a um jogo de paciência onde uma jogada determina o futuro de outra e o coringa é o jogador.

Apesar de ser um livro para adolescentes, qualquer pessoa achará graça em lê-lo. Os cenários são bem descritos, os personagens interessantes e a história bem contada. O autor nos leva a um mundo de fantasia onde as cartas ganham vida e determinam o futuro de um menino.

Não consegui abstrair tanto a ponto de encontrar a quantidade de filosofia pretendida. O que percebi é que a vida é como um jogo de paciência onde cada carta posicionada nos leva a reorganizar o jogo para vencê-lo, ou seja, a cada passo que damos, precisamos nos reorganizar para que a vida flua e as metas sejam alcançadas. Outra conclusão é que nossos passos determinam mudanças na vida de outras pessoas e no nosso jogo somos o curinga, a pessoa única que influencia e muda o mundo ao redor. O curinga pode mudar as regras do jogo, ou seja, podemos mudar nosso nosso jogo de paciência, assim como nossa vida.

Não é tão óbvio chegar a essa conclusão, então podem haver outras interpretações para o livro e essa pode  nem estar certa. Tudo depende do ponto de vista de quem o lê e da fase da vida em que esteja.

Confie em mim

Título: Confie em Mim
Tradução: Marcelo Mendes
Editora: Sextante
Autor: HARLAN COBEN
Ano: 2009

Harlan Cobem fez um romance policial, Não Conte a Ninguém, que é simplesmente fantástico e, é claro, eu fiquei com vontade de ler outras obras do autor. O título Confie em Mim pareceu interessante, então resolvi lê-lo. O livro é bom, tem uma proposta de enredo diferente, mas o desenvolvimento é muito parecido com o outro, ou seja, é mais um daqueles livros bem comerciais com fórmulas prontas para o rápido sucesso. Mesmo assim é interessante de ler. Os personagens são bem definidos, o cenário bem elaborado e a linguagem fácil, mas não cansativa. Traz um questionamento sobre família, confiança e liberdade. No geral, eu recomendo.


Sinopse:
Preocupados com o comportamento cada vez mais distante de seu filho Adam - principalmente depois do suicídio de seu melhor amigo, Spencer Hill -, o Dr. Mike Baye e sua esposa, Tia, decidem instalar um programa de monitoração no computador do garoto.



Os primeiros relatórios não revelam nada importante. Porém, quando eles já começavam a se sentir mais tranqüilos, uma estranha mensagem muda completamente o rumo dos acontecimentos: "Fica de bico calado que a gente se safa."


Perto dali, a mãe de Spencer, Betsy, encontra uma foto que levanta suspeitas sobre as circunstâncias da morte de seu filho. Ao contrário do que todos pensavam, ele não estava sozinho naquela noite fatídica. Teria sido mesmo suicídio?


Para tornar o caso ainda mais estranho, Adam combina ir a um jogo com o pai, mas desaparece misteriosamente. Acreditando que o garoto está correndo grande perigo, Mike não medirá esforços para encontrá-lo.Quando duas mulheres são assassinadas, uma série de acontecimentos faz com que a vida de todas essas pessoas se cruzem de forma trágica, violenta e inesperada.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Poesia Matemática

Poesia Matemática

(Millôr Fernandes)

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser moralidade
como aliás em qualquer sociedade.



Fonte: Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tenha um pouco de fé

Título: Tenha um pouco de fé
Autor: Mitch Alvom
Editora: Sextante
Ano: 2009

Passei meu sábado em ótima companhia. Levei para casa na sexta-feira o livro "Tenha um pouco de fé" e só parei de ler quando a vista pendia, o que me fazia dormir ou ir para a internet.

Sempre namorei esse livro, apenas por causa do título, só depois de comprar é que soube da existência de outra obra famosa do mesmo autor "A última grande lição".

"Você faria meus discurso fúnebre?". Diante dessa pergunta feita pelo rabino Albert Lewis, homem considerado por Mitch como alguém no nível entre ele e Deus, Mitch se viu obrigado a aceitar o pedido e o que parecia um favor se voltou como uma lição de vida e uma satisfação pessoal. Enquanto Mitch conhecia melhor Albert e aprendia com ele sobre a vida e a fé, outra pessoa importante apareceu em seu caminho, o pastor Henry Covington. Duas religiões diferentes, duas crenças diferentes, dois mundos diferentes e uma fé em comum. Mitch se viu entre dois homens de fé inabaláveis que conseguiam juntar pessoas e melhorar a vida delas.

O livro traz ensinamentos sobre fé e Deus, mas não é essa a lição mais importe. O fundamental é perceber que a fé transforma o mundo para melhor e une as pessoas em laços que jamais elas imaginariam. Não importa qual o seu Deus, o que importa é dizer: Deus o abençoe!