Ler é algo maravilhoso, mas é difícil começar porque, diante de tantas opções, não sabemos qual escolher. Na maioria das vezes, nos deparamos com gostos diferentes do nosso e isso, de alguma forma, nos inibe de começar a ler.
Nas escolas nos indicam Iracema, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Mulato e alguns outros bons livro, mas que são chatos quando não pegamos o jeito de ler e abstrair o rebuscamento da época.
Por isso, decidimos criar este blog para indicar os livros que lemos, como os classificamos, fazer uma resenha, indicar sites para baixar livros, enfim, incentivar quem deseja iniciar uma boa leitura ou continuar nesse mundo de troca de informação tão brilhante.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A Compaixão dos Animais

Livro: A Compaixão dos Animais
Autor: Kristin von Kreisler
Ano: 2001
Editora: Cultrix

Comecei a ler A Compaixão do Animais essa semana. O livro tem ótimas histórias de companheirismo entre homem e animais, mas até o momento não vi casos de compaixão, o que me levou a desgostar de lê-lo. Achei que a autora forçou a barra para provar algo que não existe.

Compaixão quer dizer dor perante o mal alheio; pena; piedade; comiseração; lástima. A compaixão, esse sentimento de pena, e por que não dizer culpa, é próprio do ser humano. Só nós somos capazes de, por exemplo, comer carne de boi e ter pena de ver o animal sendo morto. Um animal irracional, ou seja, cães, gatos, iguanas, cavalos, bois e muito outros citados no livro, agem por proteção à espécie, por caráter e por companheirismo. Quando um cão dá sua vida para salvar um humano é porque em sua genética há o conceito de matilha e de proteção ao grupo.

O homem tem a noção da semelhança física e social, mas o um animal irracional encara como semelhante aquele com quem convive e compatilha momentos. Não importa se são da mesma raça, mas se fazem parte do mesmo grupo. Esse grupo pode ser uma família ou pessoas da comunidade onde vive. Se criarmos um cão, um gato e um rato juntos, um respeitando o outro, eles se defenderão, mesmo sendo de espécies distintas.

Quando a Compaixão dos Animais é negada, não é por diminuição das espécies, mas por acreditar que existe um sentimento muito maior e mais bonito de companheirismo e respeito. Sentimento este que o ser humano já nem sabe direito como é, pois vive num mundo egoísta, onde para ser um semelhante é preciso ter a mesma cor, classe e status social. Por isso que, quando um animal pratica um ato de proteção, o homem o trata como herói. Faz isso porque vê no animal o que gostaria de ser, mas não consegue porque é covarde demais para tal feito. Então, quando forem ler este livro, não encarem as atitudes como compaixão, mas como atos dignos e merecedores de reflexão por nós, humanos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Amor em Minúscula

Livro: Amor em Minúscula
Autor: Francesc Miralles
Editora: Record
Site oficial: http://www.record.com.br/amoremminuscula/

Samuel, um professor de filosofia solitário e metódico, que vive em Barcelona - Espanha, após comemorar sozinho a passagem do ano, trava uma luta desigual com um filhote de gato (ninguém é páreo para um felino). O gato, aos poucos, conquista Samuel e até recebe um nome: Mishima.

Enquanto se acostuma com o novo companheiro, este o leva a conhecer seu vizinho de cima, Titus que, após uma boa conversa, pede um favor. O favor desencadeia Samuel a encontrar Gabriela, uma pessoa muito importante para ele. A tentativa de vê-la mais uma vez o leva a Valdemar, o escritor lunático. Todos esses personagens acabam se ligando e mudando de forma positiva a vida um do outro.

Após tantos acontecimentos Samuel se dá conta de que pequenos gestos podem desencadear grandes feitos, por isso é preciso buscar boas ações e viver um momento da cada vez, deixando que as pistas do destino nos leve à felicidade.

Durante a narrativa, o autor cita livros e canções que traduzem uma grande cultura dele e dos personagens. Também deixa muitos questionamentos para o leitor:
- Será que estamos realmente vivos? Se o homem foi à lua porque a dificuldade de voltar? Titus, Valdemar, Gabriela e Mishima existem ou são frutos da imaginação de Samuel? A solidão é um destino ou uma opção? São esses e outros questionamentos que fazem do romance de Francesc Miralles parecer ter mais informações e mais história do que realmente conta. Ainda não sei se não percebi o grande livro nas entrelinhas ou se a grandeza está na simplicidade das palavras e das histórias.

Um fato importante: Quem for ler Amor em Minúscula por causa do gato vai se decepcionar. Mishima não é um super gato, não vai fazer peripécias e nem vai ser herói do livro. Ele é apenas um laço entre alguns personagens, uma forma divertida e original de juntar pessoas através de um animal, coisa que é muito freqüente na vida real.


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Constituição da República Federativa do Brasil

Eu e Rosinha iniciamos uma nova leitura, A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
A nossa atual constituição, sofrida e cheia de história, foi promulgada em 1988 pela Assembléia Nacional Constituinte, presidida por Ulisses Guimarães.
Essa constituição foi conseguida com muito esforço e muitas vidas em meio a muita revolução e luta. Nos dá direitos, deveres e garantias nunca antes imaginados e é um exemplo para constituições de outros países.

Vejamos alguns benefícios:
- Direitos políticos importantes como: voto secreto para homens e mulheres, inclusive os analfabetos; plebiscito e referendo; voto aos 16 anos.
- Direitos e garantias individuais e coletivos amplamente assegurados, inclusive sendo a primeira constituição a se preocupar com os direitos coletivos.
- Separação dos 03 poderes.
- Direitos do trabalhador e muitos outros.

Tem como fundamentos: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Tem como Objetivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Como vê, caro leitor, temos a faca e o queijo na mão. Quem fez este livro não estava de brincadeira. Quis garantir que o Brasil cresceria e que ninguém maltrataria seu povo. Diante de tanto poder, temos que aprender e disseminar nossos direitos. Exigi-los em todos o momentos, mesmo que pareça impossível.

Para adquirir a constituição é só ir no site http://www.livrariasenado.com/produtos.asp?produto=164. Com R$5,00 (valor do frete), a livraria do senado manda, para sua casa, a constituição brasileira.

Posts relacionados:
http://paraolhar.blogspot.com/2008/04/uma-verdade-absoluta.html
http://meninorude.blogspot.com/2008/04/31-de-maro-de-1964-o-golpe-militar-que.html

segunda-feira, 10 de março de 2008

Saber Envelhecer: Seguido de a Amizade

Sábado, num daqueles momentos nada pra fazer, resolvi revirar livros a procura de algo que ainda não tivesse lido(pois é, compro e deixo lá para ser lido posteriormente). Dentre alguns livros encontrei esse aí ao lado, Saber Envelhecer, que comprei em um mercado a R$10,00, e resolvi lê-lo.
Título: Saber Envelhecer, seguido de A Amizade.
Autoria: MARCO TULIO CÍCERO
Tradução: Paulo Neves
Ano: 44 a. c. (isso mesmo, antes de Cristo)
Detalhes do autor: http://www.lpm.com.br/lpm-po63.htm

A grata Surpresa

Já li o primeiro texto, que, embora pequeno, me deu bastante trabalho e prazer.
Trabalho porque a linguagem é relativamente rebuscada no início e muitos nomes da história antiga são citados, indicando seus feitos.
Prazer por diversos motivos: A L&PM Pocket teve o cuidado de comentar as partes históricas importantes; a linguagem é bonita de ler; o conteúdo é extremamente sábio.

Cícero, político influente, jurista, orador e filósofo descreve um momento onde Catão, o velho, é solicitado a falar ao seus amigos mais jovens, Cipião e Gaio Lélio, sobre a arte de envelhecer. No texto, Cícero fala muito sobre a velhice e como podemos vivê-la da melhor maneira possível, buscando, aplicando e passando conhecimentos e cuidando da saúde. Também deixa claro o papel do velho nas decisões do senado.

Durante o texto, Cícero cita 04 razões que levam as pessoas a acharem a vida detestável e desmistifica cada uma delas.
1)Ela nos afasta da vida ativa.
Uma mente bem trabalhada pode ser útil a vida toda. Por isso, buscar conhecimento é sempre importante. Os velhos precisam estar presentes para conter a fúria dos jovens cheios de idéias, tornando as decisões mais sensatas.
2)Ela enfraqueceria o nosso corpo.
O enfraquecimento do corpo ocorre com a velhice, mas também ocorre em diversas fases da vida. Velhice não caracteriza doença, portanto é possível envelhecer com saúde se cuidarmos do nosso corpo e mente.
3)Ela nos priva dos melhores prazeres.
O prazer sexual é típico dos jovens e, felizmente a velhice perde esse interesse sem saudades. Desta forma, resta o conhecimento adquirido, o cuidado com a terra, as boas conversas e os conselhos. O prazer sexual cega o homem e o leva a traições e guerras.
O prazer de comer muito não é permitido aos velhos, mas é permitido comer pouco e devagar, saboreando um bom vinho ou um bom prato enquanto as conversas são colocadas à mesa. Um prazer maior que a própria alimentação.
A voz de um velho já não é tão forte, mas se torna mais bonita. Um velho sábio falando pausadamente e firmemente é a explanação da sabedoria.
4)Ela nos aproxima da morte.
Se um jovem pode morrer a qualquer tempo, então a morte não é um problema da velhice. Não se tem medo da morte se a vida for vivida em plenitude, de forma a deixar boas marcas para o mundo. O corpo morre, mas a alma é imortal. Por isso o homem se preocupa com seus feitos no mundo, para que sua alma permaneça viva na memória das pessoas. De qualquer forma, tendo ou não a alma viva após a morte, deixar de existir não é algo ruim se deixamos boas marcas durante a vida.

Em geral, Cícero deixa claro que saber envelhecer é algo muito próximo de saber viver. Melhor é morrer de velhice, pois quem nos deu a vida irá tirá-la aos poucos da mesma forma que veio. Conhecimento adquirido, grandes feitos para a humanidade e uma boa saúde são formas de ter uma velhice digna e feliz. A velhice é um fato que não podemos evitar, então devemos aceitá-la, ou seja, nem negar e nem desejar que venha antes da hora.

Importante: Percebe-se claramente que os velhos eram tidos como sábios e suas palavras eram muito importante na tomada de decisões. Talvez devamos reaprender a respeitar e ouvir os mais velhos.

Veja o que fala sobre o texto um estudo sobre a velhice:
http://www.miniweb.com.br/Cantinho/3_idade/artigos/envelhecimento_filosofia1.html

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No primeiro século antes da Era Cristã, Marco Túlio Cícero (103-43 a.C.), o grande filósofo romano, político, jurista e orador demonstrou-se uma figura exponencial nos estudos sobre a velhice. Aos 63 anos de idade, senador da república, escreveu o livro De senectude - Catão, o velho. Nele resume sua visão de envelhecimento, enquanto um processo fisiológico, relata os problemas dos idosos quanto à perda da memória, perda da capacidade funcional, as alterações dos órgãos dos sentidos, a perda da capacidade de trabalho. Salienta que, com o envelhecimento, os prazeres corporais vão sendo substituídos pelos intelectuais, enfatizando a necessidade de prestigiar-se os idosos e de fazer-lhes um preparo psicológico para a morte. Pude entender que Cícero retorna, em seus escritos, algumas passagens descritas na República, de Platão.

Cícero foi um otimista diante do fator fisiológico da velhice e aconselhava o cuidado corporal e mental, a escolha de prazeres adequados, de atividades que tragam benefícios individual e coletivo, desde que estejam ao alcance das forças dos idosos. Para esse filósofo, a arte de envelhecer compreende em encontrar o prazer que todas as idades proporcionam, pois todas têm as suas virtudes. Chamo à atenção que, essa aprendizagem da arte de saber envelhecer não deve ser ligada ao individual, pois a superação dos obstáculos a uma velhice feliz vai buscar no social suas razões de ser.

Em De Senectude, Cícero (1999) descreve a conversa entre o velho Catão e os jovens Cipião e Gaio Lélio, estes rapazes interpelam Catão sobre os agravos e as vantagens da velhice. Catão, senador e ser humano muito respeitado por seus pares, com mais de 80 anos, fala do envelhecimento de uma forma clara, concreta, procurando criticar os preconceitos que pairam sobre os idosos e lembrando que sempre quando os Estados viram-se arruinados pelos os jovens, foram os idosos que os restauraram. Na verdade, fica claro que o maior interesse de Cícero, ao escrever De Senectude é defender a velhice para provar que a autoridade de Senado, há muito abalada, deve ser reforçada.

Para Cícero (1999) não se deve atribuir à velhice todas as lamentações da vida; quem muito se lamenta, para ele, faz isto em todas as idades do processo de viver, pois os seres humanos inteligentes sempre tentam afastar o temperamento triste e a rabugice em qualquer idade. Acrescenta ainda que são quatro as razões detestáveis da velhice: o fato desta fase afastar o ser humano da vida ativa; a constatação de que ela enfraquece o corpo; a condição de privar-nos dos melhores prazeres e a aproximação com a morte. Em seguida ele passa a contestar cada uma dessas razões, trazendo como exemplos figuras e situações conhecidas da época. Também é de Cícero a célebre frase comentando a existência de seres humanos que, como alguns vinhos, envelhecem sem azedar-se.
Eu completo que, sendo o envelhecimento um conjunto de alterações biológicas, psicológicas e sociais, estas se configuram em novas situações vivenciadas pelo ser humano e que a presença “desse novo”, muitas vezes pode representar o inusitado e a expansão de capacidades inovadoras e prazerosas para o idoso.
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sexta-feira, 7 de março de 2008

Martha Medeiros

Essa semana, ao abrir o email de uma leitora do meu blog Menino Rude, tive o prazer de descobrir uma nova escritora, linda, competente e poética. Uma gaúcha cheia de idéias, Martha Medeiros. Por isso, deixo aqui no Dia da Mulher, um texto da autora que diz muito sobre a vida e a felicidade.
Os textos e a imagem foram retirados do site Releituras. Fiz um cópia, sem dó nem piedade. http://www.releituras.com/mamedeiros_serfeliz.asp

"35 anos para ser feliz
Martha Medeiros


Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

Outubro de 1998

Martha Medeiros (1961) é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, tenho trabalhado como redatora e diretora de criação em vária agências daquela cidade. Em 1993, a literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros, deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito meses apenas escrevendo poesia.

De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde até hoje mantém coluna no caderno ZH Donna, que circula aos domingos, e outra — às quartas-feiras — no Segundo Caderno. Escreve, também, uma coluna semanal para o sítio Almas Gêmeas e colabora com a revista Época.

Seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9a. edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. A autora é casada e tem duas filhas.


Texto extraído do livro "Trem-bala", L&PM Editores - Porto Alegre, 2002, pág.147. "

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Encantador de Cães

A minha paixão por animais faz com que as pessoas sempre me presenteiem com livro sobre eles. Ganhei de aniversário o livro O Encantador de Cães, de César Miller. O autor é um mexicano que vive nos EUA, Hollywood, e recupera cães com algum tipo de distúrbio causado por má conduta dos donos.
"Eu reabilito cães e treino pessoas". Assim define-se César Miller. Ele veio clandestinamente do México e lutou muito até se tornar o maior "treinador" de cães de Hollywood e ter seu próprio programa.

O início do livro é muito bom porque conta um pouco da história de vida do autor e o que ele viveu até se tornar "o encantador de Cães". Após essa fase, o livro se torna um pouco repetitivo, o que me fez levar muito tempo para lê-lo. Confesso que só não desisti na metade porque é um assunto que me interessa e porque concordava, na maioria das vezes, com o que o autor falava. Apesar de um pouco cansativo, é interessante e merece ser lido.

É uma leitura quase obrigatória para quem deseja criar cães, principalmente de grande porte. O livro resume conceitos que eu já acreditava e acrescenta alguns detalhes importantes:
1. Um cão não é um brinquedo ou uma criança. Ele tem instintos que precisam ser incentivados. O cão humanizado tende a ter problemas de conflito interno e se tornar instável.
2. Antes de seu cão ser "Bob", "pitbull" ele é um cão e tem instintos próprios da espécie. Isso que dizer que um pitbull, assim como qualquer outra raça, só agirá com agressividade se for incentivado a ser agressivo porque, se for criado com exercício,disciplina e carinho, seu instinto de cão (cachorro) se sobressairá e ele será um bonito exemplar desta espécie.
3. Um cão gosta e precisa de carinho, mas isso não é o mais importante para ele. Um cão precisa de atividade compartilhada. Ele precisa caminhar com o dono e sentir que é parte de uma matilha onde o dono é o líder. Isso o tornará tranquilo e obediente.
4. Após a atividade física exaustiva e acompanhada, o cão está apto para receber as ordens do líder. Nesse momento o dono poderá e deverá mostrar quem domina a matilha. Só depois de mostrar-se líder é que poderá dar carinho e comida (prêmios) para o animal.
5. Um cão que percebe seu dono como líder mostra alguns sinais:
- Ao chamar o cão, ele virá com a calda balançando, as orelhas para trás e o corpo levemente curvado. A feição do animal deve ser de submissão calma, nada de medo.
- O cão se deita com a barriga para cima em sinal de respeito ao seu dono. Ele não se deita para você coçar a barriga, é um sinal de respeito.
- Na caminhada, o cão liderado andará ao lado ou atrás do líder, só relaxando para fuçar ou marcar território quando o líder liberar.
6. Um líder deve passar energia calma e assertiva, ou seja, manter a disciplina sem causar medo ou agressividade ao animal.
7. Todos os membros da família devem aprender a ser líder dos cães de uma casa.
8. Se um cão, quando o dono chega em casa, pula sobre ele insistentemente, não é festa ou saudade, é para mostrar quem domina a matilha. Neste caso, é preciso segurar o coração e não retribuir os "carinhos" do animal.

Essas e outras dicas são ditas de forma clara, precisa e insistente no livro. O autor faz questão de deixar claro a importância de manter essa liderança assertiva para que o cão tenha uma vida equilibrada e feliz. Também deixa claro que o culpado pelo mal comportamento de um cão é o dono e as atitudes que ele mostra nesta relação e, finalmente o ponto mais importante: A MAIORIA DOS CÃES, AINDA QUE ESTEJAM ALTAMENTE DESEQUILIBRADOS (NA ZONA DE ALERTA), PODEM E DEVEM SER REABILITADOS. Espero que este livro possa ser apreciado e seguido por muitos donos e criadores de cães porque ele traz benefícios aos cães e aos seus donos.

O menino que vende livros

O australiano, autor do best-seller A Menina Que Roubava Livros, responde aos leitores de ÉPOCA

Assim começa a entrevista com com Markus Zusak, autor do livro "A Menina que Roubava Livros". Ainda não este livro, mas o título chamou minha atenção de maneira positiva. Ele está na minha lista. Leiam a entrevista e este livro parecerá ainda melhor.